O Projeto

Folguedos e Danças Folclóricas Marginais do e no Rio Grande do Sul


          As culturas regionais têm por característica, entre outras coisas, serem fortes e tradicionais. No Rio Grande do Sul, como em outros estados do Brasil, não é diferente, e isso se percebe em praticamente tudo que se faz. Culinária, trajes típicos, músicas entre outros, são elementos da cultura que fazem parte do dia-a-dia deste povo. A manifestação cultural de um povo é a forma de expressar a sua identidade cultural, e ao afirmarmos isto, devemos levar em consideração que podem fazer parte da cultura de uma região, diversas manifestações que influenciadas pelo seu contexto podem variar consideravelmente. Porém ainda assim, contribuem na composição geral da cultura desta região.
          O que temos notado no caso do Rio Grande do Sul, que o que se entende como cultura gaúcha, não compreende de certa forma a população rio-grandense em geral. A cultura dominante do estado, que legitima e representa boa parte do povo do estado, e que é difundida não só nacionalmente, mas internacionalmente, tem deixado de lado grande parte do que é produzido culturalmente por diversos povos do estado.
       O presente projeto comporta uma investigação científica cujo interesse é mapear, registrar a difundir as expressões folclóricas de folguedos e danças do Rio Grande do Sul que escapam à cultura dominante, mas que se constituem como espaços e linguagens folclóricos representativos da cultura popular do Estado. A ação visa realizar um diagnóstico de coletivos culturais marginais do RS, em especial, as comunidades litorâneas, quilombolas e indígenas, assim como outros focos que sejam ambientes representativos de produções artísticas folclóricas em danças e folguedos. Tal investigação se dará por meio de pesquisa teórica e de campo, assim como produção científica e publicações dos resultados obtidos, ao longo do período de sua realização.
       Vale aqui ressaltar que os objetivos deste projeto são: contribuir para a produção de conhecimento acadêmico a respeito das expressões folclóricas do RS (folguedos e danças), de modo a ampliar a compreensão acerca do universo abrangido, extrapolando o rol difundido historicamente pela cultura dominante; realizar um mapeamento dos principais folguedos e danças folclóricas praticados no Estado do Rio Grande do Sul que estão situados à margem das práticas dominantes; identificar a procedência e/ou influências étnico-culturais predominantes nessas práticas; construir um diagnóstico com as características e situação atuais dessas manifestações populares mediante incursão in loco nos lugares de sua ocorrência; colaborar para a consolidação dos folguedos e danças folclóricas do RS na perspectiva de sua condição enquanto artefatos do patrimônio cultural imaterial; registrar as produções pesquisadas em meio audiovisual; produzir conhecimento científico acerca da temática central pesquisada e seus inúmeros atravessamentos possíveis, com vistas à difusão dessa produção por meio de publicações, divulgação on line, realizações e participações em eventos, entre outros; e indicar possibilidades de produção artística em dança e música a partir da pesquisa.
          Para a realização deste projeto, será utilizado como método uma pesquisa teórica seguida de uma pesquisa etnográfica, articulando neste processo teórico-metodológico antropologia – etnografia, dança, folclore e folguedo, levando em consideração a pesquisa de campo e a pesquisa folclórica. No que diz respeito à interpretação antropológica, Geertz acredita que se esta visa construir uma leitura do que acontece, então, “divorciá-la do que acontece – do que, nessa ocasião ou naquele lugar, pessoas específicas dizem, o que elas fazem, o que é feito a elas, a partir de todo o vasto negócio do mundo –, seria divorciá-la das suas aplicações e torná-la vazia” (1989, p.28).
          Entendendo que como já mencionado, este trabalho se propõe a articular a dança sob um ponto de vista antropológico e tendo como pano de fundo os estudos do folclore, ainda no que diz respeito ao referencial teórico metodológico idealizado inicialmente para este projeto, apoiamo-nos no que preconiza a Carta do Folclore Brasileiro que, no que diz respeito à pesquisa recomenda que: “como metodologia de pesquisa, atuação participativa, integrando pesquisador e pesquisado em todas as etapas de apreensão compreensão e devolução dos resultados da pesquisa à comunidade”.
          O projeto está em fase inicial, no qual fazem parte do nosso percurso metodológico: encontros semanais de estudo e planejamento; leitura e produção textual sobre a temática central; recebimento de palestrantes, historiadores, pesquisadores, artistas e outros convidados e na fase atual estamos realizando um pré-mapeamento das manifestações (folguedos e danças) encontradas em diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul.


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